Como é que eu
começo um post depois de ver que faz 1 ano e 3 meses que eu não posto
absolutamente nada? Fazendo de conta que esse tempo não existiu e escrevendo
como se o último post tivesse sido ontem, óbvio! Rsrsrs...
Há umas 2 semanas
atrás - não lembro se quando eu cheguei em casa da rua ou se quando acordei,
olhei pra minha casa e concluí: ESTOU MORANDO NUMA ESPELUNCA! Fiquei pensando
repetida e compulsivamente: “como estou morando nessa bagunça até hoje?? Como
deixei as coisas chegarem a esse ponto??”. Não vou nem comentar o tamanho da
culpa e dos pensamentos do quanto eu sou uma péssima e incompetente dona de
casa. Se você já olhou pra sua casa e pensou o mesmo, sabe exatamente do que eu
estou falando. Se isso nunca passou pela sua cabeça, saiba que quando eu
crescer quero ser igual a você.
Quando eu digo “espelunca”
não sei o que vocês imaginam, mas a situação aqui era grave. Pilhas de roupas
em cima das cadeiras da mesa de jantar, sapatos masculinos diversos espalhados
em frente à TV (não citarei os responsáveis...rsrsrs), UM VARAL DE CHÃO NO MEIO
DA SALA (ok que é por causa da chuva, mas sem comentários), um quarto inteiro inutilizado
servindo de depósito e com o chão forrado de caixas, e eu quase caindo toda
noite ao ir pra cama pois ela estava rodeada de.......caixas, de novo. Que
raiva de caixas, essas de mudança. Quando fui arrumar a mudança pra cá já tive
a certeza que não gostava delas, mas agora peguei raiva, mesmo.
Respirei fundo e
decidi que meu objetivo agora seria ter um ambiente mais habitável. Comecei a sonhar com
o dia em que meus cuidados em relação à casa estarão relacionados à posição dos
quadros, à localização dos enfeites, à necessidade de decidir entre uma almofada
verde ou marrom, uma foto P&B ou colorida pro porta-retrato novo, e assim
por diante. Vocês acham que isso não acontece com nenhuma mulher? Pois eu tenho
certeza que acontece. Ando vendo uns blogs de organização de casa que uma amiga
minha mandou, e cada vez tenho mais certeza disso. Tem gente que consegue ter
uma casa impecável nesse nível sim, e é claro que esse não é o meu caso. Mas como eu disse, tudo isso é sonho. Voltando
à realidade, decidi que meus objetivos possíveis seriam: conseguir pisar no
chão por toda a casa, não tropeçar em nada, não entrar em pânico ao pensar em
receber alguém, ter documentos dentro de gavetas, sapatos dentro de sapateiras,
blusas empilhadas em prateleiras, casacos em cabides, e usar o 2º quarto
como.....quarto de visitas!! Pra você parece fácil, né?
Comecei minha saga
na semana passada pelo guarda-roupa, lugar que eu julguei ser o menos
assustador pro choque não ser tão grande. Até o momento, tirei as seguintes conclusões
dessa experiência:
- é um mal assolador ficar assistindo os programas de
organização de casa do Discovery Home & Health. Definitivamente. Fico
sonhando a cada minuto com uma visita daquele povo que chega na sua casa e
decora, pinta, transforma tudo. Candice Olson fazendo projetos na minha casa
(com toda a equipe dela) é o sonho máximo, mas aceitaria qualquer um daqueles programas.
Se eles não podem vir até o Brasil fazer uma experiência na minha casa, uma
personal organizer JÁ ESTARIA DE EXCELENTE TAMANHO.
- ter uma empregada todos os dias também passou a ser um
sonho de consumo. Tá bom, se não todo dia, 3 vezes por semana já seria muito
perto de um sonho. Adoraria nunca ter louça acumulada, ter o pó sempre tirado,
as toalhas dobradinhas e uma ajuda na manutenção da minha residência. Mas a
realidade é que ultimamente encontrar alguma que efetivamente VENHA 1 vez por
semana, falte só de vez em quando (e AVISE!), e que quando finalmente vem faça de fato
alguma limpeza, já está sendo um sonho quase impossível.
- meu programa de TV certo não é sobre arrumação de casa nem
muito menos sobre transformação de visual, que eu também adoro (mais do que os
de casa), e sim aquele chamado “ACUMULADORES”. Isso mesmo. Nesses 10 dias
fazendo arrumação descobri que sou uma acumuladora, olha que beleza! Mais
precisamente, sou uma acumuladora de bugigangas (top number 1 nas paradas!) e
de papéis. Quando eu digo bugigangas, estou falando de caixas e caixas de
coisas tão diversas que não consigo nem explicar qual o nível de bugiganguisse.
Só digo que começa com infinidades de shampoos/condicionadores/toucas de
banho/tudo o mais que dão de graça em hotéis. É daí pra baixo. Minha capacidade
de acumular inutilidades dos mais diversos fins me impressionou. Também tinha
coisas pra facilitar a minha vida em qualquer aspecto imaginável, mas é
realmente muito útil ter todas essas coisas GUARDADAS, né? Ainda estou
processando porque a quantidade foi um choque, mas já estou mais conformada. E
os papéis? Tinha entradas de passeios, cinemas (nada contra guardar um ou outro
ingresso de algo MUITO legal, mas tudo contra guardar TODOS os ingressos de
tudo que eu já fui nos últimos anos), cupons fiscais, 3 ou 4 cópias de coisas
como contratos de trabalho de 10 anos atrás...Um verdadeiro fiasco. Sou uma
acumuladora.
- as coisas se multiplicam. Não é imaginação da minha
cabeça, é um fato. As coisas que ficam guardadas vão se reproduzindo de forma
desconhecida, até o dia que você resolve mexer nelas e encontra um monstro. Se
alguém descobrir estes mecanismos de reprodução, favor compartilhar.
- querer fazer tudo de uma vez é insanidade. ARRUMAÇÃO CANSA
MUITO, e ainda bem que desde o começo eu já tinha enfiado na cabeça que faria
um pouco cada dia, por partes, senão teria ficado muito frustrada nos primeiros
dias já que as mudanças visuais são pequenas no início.
- não adianta ficar me enganando e só transferindo as coisas
de lugar. Eu me peguei fazendo isso várias vezes. Tem algumas etapas da
arrumação (leia-se: desocupar caixas cheias de tralhas e miudezas) que são MUITO
chatas, daí eu começava a mexer naquilo já injuriada, em 5 min já estava
planejando jogar a caixa pela janela (outro pensamento repetido e compulsivo),
e quando decidia que aquilo talvez não fosse muito inteligente, fazia coisas como
encontrar uma caixa bonitinha e enfiar tudo dentro. Não dá. Até porque, como eu
já disse ali em cima, as coisas se multiplicam e um dia essa caixa bonitinha
irá virar uma caixa de mudança cheia, das que eu peguei raiva. Certeza.
- às vezes eu queria muito ser como essas pessoas que são
total simple life, e vivem com absolutamente o necessário. Tá, eu sei que não
teria tanta graça, mas que com certeza é infinitamente mais prático, é. Eu
teria 2 pares de brincos, 3 pares de sapato, viveria com a CNH, o título de
eleitor e a certidão de casamento, e na minha casa teria 1 porta-retrato. Uma
paz. Como eu não sou – e já deu pra ver que estou muito longe disso, continuo
aqui firme e forte no meu projeto “casa decente imediatamente!”.
Obrigada a você
que leu pacientemente meus desabafos e lanices sobre a minha casa. Como já deu pra notar, não tenho a
menor condição de dar dicas de como manter uma casa arrumada, mas talvez eu não
seja a única nesse mundo a ter todos esses pensamentos. Se por acaso você está
achando tudo isso um absurdo, me achando o ser mais desorganizado do mundo e
for dotado(a) de todas as habilidades de arrumação de casa que agora considero valiosíssimas,
espero que tenha se comovido com meus relatos e venha na minha casa (que NÃO
está mais uma espelunca!) me ajudar a colocar etiqueta em caixas organizadoras,
me dizer que a planta que eu coloquei em cima da mesa não pode ficar ali porque
polui o ambiente, e todas esses conselhos e ajudas que só vocês podem dar, já
que sozinha é evidente que nunca chegarei à tais conclusões.